Todos chamados à Santidade

No desejo de bendizer a Deus "em seus Anjos e Santos", a Igreja tem um calendário no qual traz modelos significativos de Santos das diversas épocas, caminhos, modelos e estados de santificação. A festa de hoje pretende celebrar aquela "numerosa multidão que ninguém podia contar"(Ap 7,9). Nela ninguém fica esquecido. Se há um Céu aberto, significa que todos somos chamados à santidade. É um caminho acessível a todos. O Documento de Aparecida apresenta-nos vários elementos que nos fazem compreender a santidade que devemos viver em nosso continente. É a mesma de sempre, com a cara de nosso povo. Chama a atenção para os exemplos de santidade do povo latino-americano, a começar por S. Rosa de Lima até os nossos brasileiros. Não podemos desconhecê-los. Eles nos apresentam uma experiência de Deus vivida no meio do povo. Somos chamados a beber no rico manancial da piedade popular (D.Apda 258) que alimentou o povo durante séculos. Somos um povo de santos com cara de índio, negro, mestiço, caboclo, branco. É um belo mosaico de santos sem auréola e velas acesas.

Palavra de Deus

As leituras apresentam-nos a solene assembléia do Paraíso na qual estão todos os redimidos que lavaram suas vestes no Sangue do Cordeiro (Ap 7,14). Ninguém pode dizer que só o seu caminho salva, pois é Jesus quem salva todos. E quem não é amado por Deus? A santidade do povo é participação na santidade de Deus através do grande dom que nos foi feito: "Vede que prova de amor nos deu o Pai, que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos" (1Jo 3,1). Por enquanto vivemos esta realidade sem ver a grandeza que temos dentro de nós. Mas, "o que seremos ainda não se manifestou. Sabemos que, por ocasião desta manifestação, seremos semelhantes a Ele, porque o veremos tal como Ele é" (1Jo 3,20). A esperança em Deus é nossa purificação, pois vivemos a vida de filhos que nos é apresentada pelas bem-aventuranças. A beleza do evangelho encanta quanto abrimos a página das bem-aventuranças. Com essas poucas palavras, nosso amado Redentor dá-nos uma síntese da vida de Deus em nós. Ser pobre em espírito, manso, aflito pelo bem, famintos e sedentos de justiça, misericordiosos, puros de coração, promotores da paz e perseguidos. Esses são os traços da santidade de Deus que temos e construímos em nos no mundo em que vivemos. Estas pílulas de santidade fazem de nós sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-14).

Vivendo a santidade

Os leigos, padres e religiosos, discípulos e missionários, são convidados a viver a santidade nos dons que lhes vem de Jesus e crescem na Igreja. Todos devem dar testemunho de santidade sendo fermento na massa. A Igreja alerta contra a santidade individualista que foge do compromisso social e da missão na vida do povo. Por isso devemos estar de sobreaviso contra espiritualidades vindas de outros países. Mesmo sendo boas, tiram as pessoas da comunidade criando grupos fechados, dividindo a Igreja. Não é um bom caminho. Igualmente triste é matar a alma popular, as sãs tradições. Vamos beber das fontes primeiras de nossa evangelização. Precisamos criar a pastoral da santidade, isto é, usar nossos meios para construir a vida em Cristo, na comunhão com a Igreja, socorrendo as urgências pastorais. Vamos promover a santidade que é nosso dom primeiro.

1. A Igreja celebra uma festa para todos os santos que não estão no calendário. "É a imensa multidão que ninguém pode contar". O Doc. de Aparecida apresenta vários elementos que nos fazem compreender a santidade que devemos viver no continente, partindo do exemplo de nossos santos. A base é a experiência de Deus vivida no meio do povo, bebendo da piedade popular. Somos um povo com cara de índio, negro, mestiço, caboclo e branco.

2. As leituras contam-nos sobre a assembléia do Paraíso na qual estão todos os redimidos que lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro. A santidade do povo é participação na santidade de Deus através do dom da filiação divina. A vida de santidade se constrói dentro do espírito das bem-aventuranças. Assim somos sal da terra e luz do mundo.

3. O povo de Deus é convidado a viver a santidade nos dons que lhe vem de Jesus e crescem na Igreja. Devemos dar testemunho e ser fermento na massa. O Doc. de Aparecida alerta contra a santidade individualista que foge do compromisso social. Há o perigo de espiritualidades vindas de fora que fazem grupos fechados, dividindo a Igreja e matam a alma popular de nossa gente e suas sãs tradições. É preciso criar a pastoral da santidade.

Festa de Família

Todos os que estão nos céus são santos e dos bons! Em Deus não existe nem maior nem menor porque Deus é o Santo.  Por que só temos alguns santos no calendário da Igreja? Os outros não valem? Os que estão no calendário são representativos dos demais e o povo se ligou mais a eles.  Celebramos, hoje, todos os santos do Céu, até os apenas concebidos e ceifados. São João diz que viu uma grande multidão (Ap 7,9). Celebramos também aqueles de boa vontade que viveram longe de tudo, sem mesmo receber a Palavra do evangelho. No céu não tem gente de 2ª classe. Todos são de primeira.  Agora não vemos o que seremos, mas um dia veremos como Ele é. O caminho do céu é aberto a todos. Jesus mostra como se faz esse caminho: ser pobre, manso, aflito pelo bem, que tem fome e sede de justiça, misericordioso, construtores da paz, perseguidos pela justiça.  É fácil ir para o céu e celebrar com todos a alegria de viver em Deus, na festa de família que nunca se acaba.

Pe. Luiz Carlos de Oliveira