Celebração do Dia da Vida Consagrada
O mês de Agosto é dedicado ás vocações. A Igreja no Brasil dedica esse mês para refletir sobre a vocação Cristã em comum e vocação específica. No dia 15 de Agosto o sub-núcleo de Curitiba da CRB se reuniu na casa central da Congregação das Irmãs da Sagrada Família, Rua Emiliano Perneta. A celebração do dia começou com a Santa Missa ás 14:00h, presidida por Pe. Thomas Hughes, presidente da CRB, Paraná. Logo em seguida os coordenadores e os membros do sub-núcleo se apresentaram. Os sub-núcleos estão sendo organizados e fortalecidos por Ir. Jacinta.
A tarde contou também com algumas apresentações culturais preparadas por várias congregações. Os seminaristas da Congregação do Verbo Divino e Maristas alegraram a platéia através de uma dança não é pouco divertida.......confira as fotos!!! A tarde foi um tempo de as congregações se reunirem e de lembrar o valor de Vida Consagrada.
Raju Devarakonda, SVD
Formador, Curitiba
25ª Romaria da Terra - Adrianópolis
Os seminaristas da Comunidade Paulo VI, o nosso filosofado participaram no último dia 15 de agosto de 2010 da 25° Romaria da terra do Paraná. A Romaria da terra é um evento que acontece anualmente organizada pela comissão pastoral da terra (CPT). Apesar de a CPT ser uma comissão ligada à Igreja Católica, a Romaria tem caráter Ecumênico. A participação foi de vários leigos, religiosos, religiosas, bispos, padres, freiras e pastores. Este ano o local foi Adrianópolis á 130 km. de Curitiba, no vale do Ribeira na divisa com o Estado de São Paulo. O tema trabalhado foi “Quilombo: resistência de um povo território de vida”. Com cerca de 6.000 pessoas oriundas de várias cidades do Paraná a romaria lembrou as dificuldades e sofrimentos que o povo negro viveu e vive ainda em nossa sociedade.
A Romaria da terra é uma verdadeira celebração da vida que une o povo de Deus na luta contra a desigualdade social. Ela denuncia à injustiça, a ganância, a corrupção e toda opressão que impede o povo de ter uma vida digna. É com imenso prazer e alegria que a Comunidade Paulo VI participou deste ato de amor a Deus e ao próximo. Com essa demonstração de fé queremos pedir a Deus que Ele abençoe a nossa caminhada para sermos perseverantes e compromissados com o projeto de Jesus Cristo - “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundancia” (Jo 10, 10). Clique aqui para ver as fotos
(Marcelo, Rômulo, Marco, Romildo, Flavio, Jerri, Ericson, Claudio)
Seminaristas do Verbo Divino, Comunidade Paulo VI
Curitiba-PR
XXII DOMINGO DO TEMPO COMUM (29/08/2010)
Lucas 14,1.7-14.
“Quem se eleva será humilhado e quem, se humilha será elevado”
O relato de hoje se situa no contexto de uma refeição na casa de um chefe dos fariseus, que permanece no anonimato. Lucas tem o cuidado de sublinhar que o evento aconteceu em dia de sábado, e que os fariseus estavam observando Jesus para tentar pegá-lo em algum erro. Então, embora trate-se de uma refeição, não era uma confraternização, mas muito antes um confronto.
Jesus aproveitou a oportunidade para nos deixar o seu ensinamento sobre dois assuntos importantes para a vida dos discípulos: a opção entre a humildade e o orgulho, e a gratuidade.
Como bom pedagogo, Jesus observa a vida ao seu redor, e a usa para ensinar algo sobre Deus. Os fariseus eram muito bem vistos no meio do povo simples. É um erro nosso pensar que a palavra “fariseu” seja sinônima cm “hipócrita”. Talvez essa idéia venha do Capítulo 23 de Mateus, que reflete a situação de antagonismo entre eles e os discípulos de Jesus no tempo do escrito - pelo ano 85 d.C. - mais do que do Jesus. Os fariseus eram exímios observadores da Lei, mas muitas vezes caíam no perigo de sentir-se superiores às massas que não podiam ou não conseguiam viver a Lei em seus pormenores. Confiando na sua observância como garantia de salvação, na prática dispensaram a gratuidade de Deus.
Vendo como os convidados buscaram os primeiros lugares na refeição, Jesus nos dá a lição sobre buscar os últimos lugares na festa de casamento. A primeira vista, parece que Jesus está nos ensinando a ser falsos, hipócritas. Mas a verdade é outra. O banquete desta história simboliza a nossa vida. Diante da vida, podemos optar - buscar uma vida de prestígio, aos olhos do mundo, com todos os privilégios que isso acarreta, ou buscar o serviço aos irmãos, - nos “humilhando”, pois quem servia era considerado menor do que quem era servido (como geralmente ainda hoje é). De novo Jesus nos coloca diante do seu próprio exemplo - ele que veio “não para ser servido, mas para servir, e dar a sua vida em favor de muitos” (Mc ,10,46).
E como é atual este ensinamento! O nosso mundo é um mundo classista, onde “quem pode mais, chora menos”, até nas Igrejas - como gostamos de títulos, honras, prestígio! Em vão buscaremos nos Evangelhos títulos de honra como “Eminência” “Santidade” “Reverendo”, “Reverendíssimo”!! Sem que notássemos, o mundo entrou nas nossas comunidades com as suas falsas categorias!!
O centro da questão está em versículo 11:“de fato, quem se eleva será humilhado, e quem se humilha, será elevado”. Não é uma recomendação sádica para que procuremos ser humilhados, como muitas vezes se pregava na formação da Vida Religiosa e na espiritualidade, antigamente. Pelo contrário, é uma orientação para que não ponhamos o nosso valor nos títulos e honrarias vãs que a sociedade tanto aprecia, mas no serviço humilde aos irmãos, unindo-nos à luta pelos oprimidos, que são humilhados pela sociedade de consumismo e opulência.
Ato contínuo, Jesus nos orienta sobre a gratuidade. Recomendando ao fariseu que ele não convide os que possam retribuir com outros convites, ele nos põe diante do exemplo do próprio Deus, que é gratuidade absoluta. Novamente os marginalizados servem como exemplo para o exercício de gratuidade. Temos muitas indicações na literatura daquele tempo que tanto a sociedade judaica como a greco-romana rejeitava este pessoal sofrido. Um documento dos Essênios de Qumrã elenca as categorias que serão proíbidas de entrar no banquete escatológico: “os que têm problema na pele, com as mãos ou os pés esmagados, os aleijados, os cegos, os surdos, os mudos; os que têm defeito na vista ou que sofrem de senilidade”. A lista lucana adiciona a categoria “os pobres”. Sabemos que na literatura judaica “os pobres” era muitas vezes a designação usada para Israel e especialmente para os eleitos dentro de Israel. Então Lucas está usando de ironia - mostrando que os verdadeiros eleitos não são os que a sociedade assim considera, mas os realmente pobres, marginalizados e sofredores!!
O discípulo, “convidando-os”, ou seja relacionando-se com eles como igual para igual, não receberá deles a retribuição. Eles não terão como que retribuir, e assim seremos como Deus, que nos ama sem esperar algo em retorno. Assim estaremos colocando a nossa confiança na gratuidade de Deus, e não agindo dum modo calculista, como tanto se prega hoje: “é dando que se recebe”, como dizem os politiqueiros cínicos, como também alguns pregadores cristãos, interessados no acúmulo de dinheiro..
A imagem do banquete é simplesmente um símbolo. A história nos desafia para que examinemos as nossas motivações mais profundas, para que busquemos o serviço aos irmãos, e para que aprendamos de Deus, que é o Amor Gratuito por excelência.
Tomaz Hughes SVD
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Faleceu hoje 19/08/2010 Padre Boleslau Cisz
Comunicamos com pesares o falecimento do nosso Confrade Padre Boleslaw Cisz hoje (19/08/2010) às 8:30h, onde trabalhava na Paróquia de São Pedro em Moreira Sales com seus 95 anos de muito trabalho Amanha 20 de agosto de 2010 será a Missa de corpo presente às 14 horas e às 15:00h o enterro...
Vocação: Caminho de todos
Vocação sempre indica um chamado. E quem chama sempre deseja alguma coisa da pessoa a quem chama.
Deus não age de forma diferente. Só que Deus, ao chamar, antes de pedir, ele dá. Deus, chamando o homem, lhe dá a vida, a existência e com a vida, dá-lhe também a liberdade.
Deus não quer assim agir sozinho. Por isso, quando Deus chama, ele espera uma resposta; pois está confiando ao indivíduo uma missão. O chamado de Deus é sempre um desafio:
- Ao sermos chamados à vida, é-nos confiada uma determinada missão (vocação). A de sermos felizes com os outros e que assim todos possamos viver bem.
- Ao sermos chamados à fé, pelo batismo, nós nos comprometemos a seguir os ensinamentos de Jesus Cristo e a colaborar com os homens na busca da verdade, do bem, vivendo como irmãos. É a vocação cristã.
- Ao sermos chamados a um determinado estado de vida
(sacerdotal, religiosa, matrimonial) assumimos um compromisso específico com a comunidade eclesial, de realizar sua missão de ajudar os demais homens a encontrarem a felicidade. A que Deus deseja para todos.
XXI DOMINGO DO TEMPO COMUM (22/08/2010)
Lucas 13,22-31.
“É verdade que são poucos os que se salvam?”
Jesus continua a sua caminhada em direção à Jerusalém, e no caminho, prossegue ensinando os seus discípulos. O debate agora é sobre uma questão que sempre intrigava os cristãos - e também os de outras crenças: “É verdade que são poucos aqueles que se salvam?”(v.23).
Durante muito tempo, o assunto de muitas pregações nas igrejas era a condenação. Falava-se muito mais em pecado do que na graça, no diabo do que em Jesus, do inferno do que no céu ou no projeto de Jesus para este mundo. Infelizmente, especialmente nos ambientes fundamentalistas, tanto católicos como protestantes, este tendência volta a vigorar. Neste trecho Jesus nos ensina como enfrentar esta questão!
Chama a atenção que Jesus não responde à pergunta. Ele não indica se são muitos os que se salvam, ou não. A preocupação dele é que as pessoas vivam de acordo com o projeto de Deus. Nisso encontrarão a salvação. Por isso ele desvia a atenção do ouvinte da questão do “além morte” para que volte à vivência prática da fé. O conselho dele é claro: “Façam todo o esforço possível para entrar pela porta estreita” (v.24). Resta perguntar - em que consiste esta “porta estreita”? O texto nos dá a resposta:“Ele responderá: “Não sei de onde são vocês. Afastem-se de mim todos vocês que praticam a injustiça”(v. 27)
Interessante que Deus afastará os que praticam a injustiça - não fala daqueles que têm fraquezas humanas, que têm uma fé diferente, que ignoram as verdades da teologia – ou seja, se preocupa com a prática da injustiça. Pois o seguimento de Jesus é basicamente isso - o amor prático, que se manifesta na justiça. Sem esta prática, simplesmente a fé é vá! A “porta estreita” é a prática da justiça!
Jesus adverte que talvez não sejam os que conhecem a sua mensagem que irão herdar o Reino. Pois o critério do julgamento não será o conhecimento teórico do evangelho, mas muito antes a sua vivência concreta na justiça, conforme ele diz: “Muita gente virá do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus”( v. 29)
Diante do fechamento do judaísmo farasaico, com a sua religião nacionalista, Jesus abre perspectivas ecumênicas - a salvação não se restringe aos que faziam parte oficialmente do Povo de Deus! Virão pessoas do mundo todo - as pessoas que, mesmo sem conhecer a Bíblia - viviam a luta pela justiça!
É impossível, no nosso mundo de exclusão, fugir da questão da justiça. A Conferência de Santo Domingo, seguindo as de Medellin e Puebla já perguntou como era possível que as piores injustiças do mundo se dão exatamente no continente nosso, que se diz cristão! A Conferência de Aparecida continua com essa preocupação. Como é possível que nos países oficialmente católicos há tantos rostos do Cristo crucificado? Não é possível ser cristão sem lutar em favor das pessoas com “rostos desfigurados pela fome, rostos desiludidos pelas promessas políticas, rostos humilhados de quem vê desprezada a própria cultura, rostos assustados pela violência cotidiana e indiscriminada, rostos angustiados de menores, rostos de mulheres ofendidas e humilhadas, rostos cansados de migrantes sem um digno acolhimento, rostos de idosos sem as mínimas condições para uma vida digna” (João Paulo II, Vita Consecrata no. 76).
Não devemos medir o nosso cristianismo e a pujança da nossa fé pelos belos edifícios e imponentes matrizes, nem pelas belas celebrações e concentrações nas grandes ocasiões, por tão válidas e até importantes que possam ser. Meçamos a nossa fé, a nossa adesão ao Reino pelo nosso empenho em prol dos empobrecidos, pelos injustiçados, não nos limitando a uma ação meramente assistencialista (por tão imprescindível que tais ações sejam), mas também nos engajando na luta pela mudança estrutural de uma sociedade cujo projeto de vida - o neo-liberalismo selvagem - nada mais é do que um projeto de morte, e portanto anti-evangélico e pecaminoso.
É mister unirmos as nossas forças às das pessoas de boa vontade de todas as crenças e de nenhuma, para que em parceria defendamos a vida ameaçada na sociedade moderna. Aprendamos de Jesus neste trecho - ele não permite que os seus interlocutores fiquem olhando só para o que acontecerá depois da morte, lá no além, mas insiste que olhem para a vida cotidiana, com as suas exigências em favor do oprimidos. Ressoa uma advertência para nós que somos freqüentadores das Igrejas, que conhecemos os ensinamentos do Evangelho, e que talvez caiamos na tentação dum certo elitismo religioso: “Vejam: há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos”( v. 30)
Ser primeiro ou último, acolhido ou afastado, depende em primeiro lugar do nosso empenho pela justiça!
Tomaz Hughes SVD
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