VII DOMINGO do TC (20/02/2011)
Mt 5, 38-48
“Sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu”
Na verdade, o texto de hoje, continuando as leituras do Sermão da Montanha (Mt 5-7), continua o tema da leitura do domingo passado. Mais uma vez enfatiza que atrás de todas as nossas ações existem sentimentos, ou disposições, internos. Por isso Jesus dá o verdadeiro sentido à Lei, dizendo que o discípulo não pode se contentar em não agir mal, mas tem que mudar a sua maneira de entender o mundo, as pessoas e as relações. Com autoridade, “Eu digo”, ele exige que os seus seguidores não somente não ajam como o mundo age, mas que deem uma viravolta nos valores d’Ele. Enquanto “olho por olho, dente por dente” era, nos tempos idos, um grande avanço sobre a lei da vingança exagerada, Jesus exige que os seus discípulos vão adiante, tirando até o desejo de vingança e retribuição, assim desarmando o mal e criando uma sociedade de novas relações. Sem dúvida, uma visão utópica; mas, utopia não é ilusão, é o ideal que nos norteia e encoraja até que finalmente, passo por passo, ela se concretize.
VI DOMINGO do TC (13/02/2011)
Mt 5, 17-37
“Se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, não entrarão no Reino do Céu”
Quando lemos o Evangelho de Mateus, é muito importante ter em mente o contexto histórico em que foi escrito, pelos anos 85-90 do primeiro século da Era Comum. Depois do desastre da Primeira Guerra Judaica, culminando com a destruição de Jerusalém e do Templo (que nunca mais seria erguido, diferente da sua destruição pelos babilônios em 587 aC), o povo judeu e a sua religião enfrentavam a possibilidade de desaparecer para sempre. Um grupo de rabinos reorganizou o judaísmo a partir de um tipo de “Sínodo” em Jâmnia, perto da atual Tel Aviv, no ano 85. Sem Templo, sem sacerdócio, sem sacrifício, esses mestres de Lei, quase todos os fariseus reestruturaram o judaísmo, ao redor da uma identidade proveniente de uma adesão estrita à Lei, a Torá. Diante da fraqueza do judaísmo, não admitiam nenhuma divergência da sua interpretação da Lei, nenhuma dissonância diante das comunidades judaicas. Mas, no seio do judaísmo existia um grupo de discípulos/as de Jesus de Nazaré, que aceitava a Lei como autoridade, mas com a interpretação vinda dos ensinamentos do seu mestre, Jesus. Como consequência, começou um processo de expulsão desses judeu-cristãos da comunidade da sinagoga e se tornou muito importante para eles entender a sua relação com a Lei, e o que tinha mudado com o ensinamento e exemplo de Jesus, o Mestre.
5º Domingo do TC (06/02/2011)
Vós sois a luz mundo.
Nós podemos ser sal e luz do mundo!
No Evangelho da Missa deste domingo, o Senhor fala-nos da nossa responsabilidade perante o mundo: Vós sois o sal da terra… Vós sois a luz do mundo. E diz isso a cada um de nós, àqueles que queremos ser seus discípulos.
O sal dá sabor aos alimentos, torna-os agradáveis, preserva da corrupção e era outrora um símbolo da sabedoria divina. No antigo Testamento, prescrevia-se que tudo o que se oferecesse a Deus devia estar condimentado com o sal, para significar o desejo de que a oferenda fosse agradável.
A luz é a primeira obra da criação, e é símbolo do Senhor, do Céu e da vida. As trevas, pelo contrário, significam a morte, o inferno, a desordem e o mal.
IV Domingo do Tempo Comum (30/01/2011)
Mt 5, 1-12a
“Fiquem alegres e contentes, porque será grande para vocês a recompensa nos céus”
Esses primeiros versículos doi Cap. 5 servem ao mesmo tempo como introdução e resumo do Sermão da Montanha. Nos apresentam um retrato das qualidades do(a) verdadeiro(o) discípulo(a), daquele e daquela que, no seguimento de Jesus, procura viver os valores do Reino de Deus. Basta uma leitura superficial para ver que a proposta de Jesus está na contramão da proposta da sociedade vigente - tanto a do tempo de Jesus, como de hoje. Embora com uma linguagem menos contundente do que Lucas (Lc 6, 20-26), o texto de Mateus deixa claro que o seguimento de Jesus exige uma mudança radical na nossa maneira de pensar e viver.
III Domingo do Tempo Comum (23/01/2011)
Mt 4, 12-23
“Convertam-se, porque o Reino do Céu está próximo”
O texto começa situando a pessoa e a missão de Jesus no seu contexto concreto, histórica e geograficamente. A mudança de Jesus para a Galileia tem sido interpretada tanto como um assumir corajoso da sua missão profética, diante da prisão de João, como uma busca de maior segurança. O verbo usado para “retirou-se” em v. 12 costuma ser usado por Mateus para indicar o recuo diante de um perigo (2, 12.13.14.22;12, 15;14, 13;15, 21). Mas, o autor quer não somente apontar o lugar geográfico da missão de Jesus, mas também a sua natureza profética. Por isso, cita, com grandes modificações, o texto de Is 8 23-9,1. Mateus condensa o texto da forma que só sobram as referências geográficas, que apontam para o Norte da Galileia e Transjordânia, conquistadas pelos pagãos assírios em 734 a.C. Ao passo que a maioria dos profetas e messias do seu tempo se retiravam para o deserto (p. ex. os Essênios de Qumrã e João, o Batista), ou agiram na capital, Jerusalém, Jesus se retira para a periferia, Galileia, cercada pelos gentios. A esperança da salvação inicia-se exatamente em uma região da qual nada se espera. No tempo de Mateus, uma grande parte da população da Galileia era gentia, ou seja, pagã. Por isso, escolhendo este lugar como palco da sua missão, o ministério de Jesus vai entrar em contato com “todas as nações” (Mt 28, 19).
II Domingo do Tempo Comum (16/01/2011)
Jo 1, 29-34
“Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo”
O texto de hoje é tirado do Quarto Evangelho, o da Comunidade do Discípulo Amado. Escrito muito depois dos Sinóticos, o quarto evangelho tem como uma das suas características o uso abundante de símbolos, e uma cristologia bastante diferente dos outros três evangelhos. O texto de hoje situa-se no contexto de 1,19 - 2,12, onde, num cenário de sete dias, o autor descreve os sete dias da nova criação, que se dá em Jesus, fazendo paralelismo com o relato de Gênesis.