Reflexões Dominicais de Agosto de 2015
DÉCIMO OITAVO DOMINGO COMUM (02.08.15)
Jo 6, 24-35
“Eu Sou o Pão da Vida”
Continuamos uma série de leituras dominicais a partir do sexto Capítulo de João. Este capítulo é extraordinariamente denso em conteúdo e muito carregado com a simbologia judaica da época de Jesus. Hoje o tema central versa sobre Jesus como “O Pão da Vida”. No Antigo Testamento, muitas vezes o termo “pão” é usado como símbolo da Palavra de Deus; por exemplo, Is 55, 10-11; Amós fala de fome, mas não fome de pão, nem sede de água, mas fome de escutar a Palavra de Deus em Am 8, 11-12; A Sabedoria convida os simples a comer do seu pão e beber do sua seu vinho em Pr 9, 5; Sirac (Eclesiástico) fala da sabedoria que alimenta as pessoas com o pão de compreensão e a água de sabedoria (Eclo15,4).
Reflexões Dominicais de Julho de 2015
Décimo Quarto Domingo Comum (05.07.15)
Mc 6, 1-6
“Jesus não pode fazer milagres em Nazaré”
O texto de hoje encerra o segundo bloco da primeira parte do Evangelho de Marcos - que trata da cegueira dos familiares de Jesus. O primeiro bloco (1,14-3, 6) mostrou a cegueira das autoridades, e o próximo bloco mostrará a cegueira dos discípulos. Assim, Marcos gradativamente aumenta a tensão entre o que Jesus é e a incompreensão dos que o conhecem: autoridades, familiares e discípulos. Tudo para poder lançar como questão fundamental do seu Evangelho a pergunta: “E vocês, quem dizem que eu sou?” (Mc 8, 29). De uma maneira indireta, Marcos aqui toca em um dos problemas fundamentais dos cristãos - o escândalo da encarnação. Frequentemente não temos tanta dificuldade em assumir a realidade da divindade de Jesus, mas sim, a sua humanidade!
Reflexões Dominicais de Junho 2015
Décimo Domingo Comum (07.06.15)
Mc 3, 20-35
“Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.
Este texto de Marcos nos apresenta uma característica bastante usada neste Evangelho. O autor intercala uma discussão com os escribas (vv. 22-30) em uma cena em que Jesus se defronta com a incompreensão da sua família (vv. 20-21. 31-35). Ele usa o mesmo procedimento em 5, 21-43; 6, 7-33; 11, 11-21 e 14, 1-11. A finalidade é para que o leitor interprete um evento à luz do outro. Assim, no texto de hoje, devemos nos perguntar como é que os versículos que tratam dos familiares de Jesus e o trecho referente à discussão com os escribas lançam uma luz, um sobre o outro. Na verdade, em ambos os casos, Jesus é objeto de acusações falsas e é incompreendido, até rejeitado, pelos seus familiares, bem como pelas autoridades de Jerusalém.
Solenidade da Santíssima Trindade (31/05/2015)
Mt 28, 16-20
“Vão e façam que todos os povos se tornem meus discípulos”
Hoje celebramos o mistério insondável de Deus, a Santíssima Trindade. Durante os primeiros séculos da sua existência, a Igreja lutou com dificuldades para expressar em palavras o inexprimível - a natureza do Deus em que acreditamos. Chegou à expressão profunda do Credo Niceno-Constantinopolitano onde celebra o Pai “Criador de todas as coisas”, o Filho “Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial com o Pai’, e o Espírito que “dá a vida, e procede do Pai e do Filho”. Mas, mesmo essas expressões tão profundas não conseguem explicar a Trindade, pois se Deus fosse compreensível à mente humana, não seria Deus!
Solenidade de Pentecostes (24/05/2015)
At 2, 1-11
“Todos ficaram repletos do Espírito Santo”
A liturgia de hoje nos apresenta a descida do Espírito Santo sobre a comunidade dos discípulos em duas tradições - a de Lucas (Atos 2) e da Comunidade do Discípulo Amado (João 20). Salta aos olhos que uma leitura fundamentalista da bíblia - infelizmente ainda muito comum entre nós - leva a gente a um beco sem saída, pois em João, a Ressurreição, a Ascensão e a Descida do Espírito se deram no mesmo dia (Páscoa), enquanto Lucas separa os três eventos, durante um período de cinquenta dias. Assim, devemos ler os textos dentro dos interesses teológicos dos diversos autores - os 40 dias de Lucas, por exemplo, entre a Ressurreição e a Ascensão, correspondem aos 40 dias da preparação de Jesus no deserto, para a sua missão.
Solenidade da Ascensão do Senhor (17/05/2015)
Mc 16, 15-20
“Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa-Notícia para toda a humanidade”
O texto de Mc 9-20, que contém o fim do Evangelho de Marcos, interrompe o fio da narração precedente, é muito diferente em estilo e vocabulário do resto do Evangelho e está ausente dos melhores e mais antigos manuscritos. Por isso, normalmente está designado nas nossas bíblias como “Apêndice”, provavelmente escrito no segundo século, e baseado basicamente no Capítulo 24 de Lucas, com alguma adição de João 20 e com referências de fatos narrados em Atos. Embora não acrescente nada de novo para uma melhor compreensão de Jesus e dos acontecimentos pós-pascais, traz elementos muito importantes para a vida da Igreja hoje.